quarta-feira, 13 de junho de 2012

A SOCIEDADE DO EXAGERO LUXO, LIXO E DESPERDÍCIO


Comprar um perfume, principalmente se ele for francês, me causa um certo  sentimento de culpa. Primeiro pelo preço alto pago por um prazer volátil e momentâneo. Depois pelo tamanho do frasco contido em embalagens pomposas  que só não chegam a ser enganosas por que  lá está escrito, para evitar discussões, a quantidade do  “precioso  líquido” medida em onças  (oz.).
Mas é a embalagem o que mais me incomoda. Para disfarçar o tamanho minúsculo do vidro com as suas onças, o perfume é embalado em uma caixa interna menor, em geral feita de um papel grosso branco, deixando um espaço vazio para erguer a caixa maior, mais  atraente, com a marca famosa, o nome do perfume e algumas informações.
Se você comprar um perfume desses para dar de presente e impressionar alguém, tudo bem, a embalagem está valendo. Mas se for para uso próprio, a embalagem luxuosa torna-se inútil pois ao  chegar em casa será descartada junto com a sacola da loja, acrescentando mais um item para as grandes ilhas de lixo que entopem as cidades e navegam sem rumo pelos  mares.
Da próxima vez que comprar uma roupa dê-se ao trabalho de contar quantas etiquetas você tem que cortar para que não incomodem quando  for usar. Algumas vem também em pequenos cabides que imediatamente vão parar na lixeira.
Outro dia fui a uma dessas lojas de luxo, franqueada do Rio de Janeiro, onde você se sente até intimidada pelo excesso de atenção das vendedoras. Uma delas me perguntou se queria beber alguma coisa. Pedi um copo d’ água ( estavam servindo champanhe também). A moça trouxe a minha água em uma taça tão grande que acredito que só quem voltasse do deserto seria capaz de esvaziá-la. Tomei alguns goles e deixei-a na bandeja.  O resto daquela água deve ter ido pelo ralo assim que eu me retirei. Daquele dia em diante passei a pedir, quando me oferecem, somente “dois dedinhos”de água.
Aliás, o exagero desse tipo de loja se estende ao tamanho das suas sacolas. Loja chique, igual sacolas enormes, não importa o tamanho ou a quantidade dos produtos adquiridos. Será uma jogada de marketing que transforma o comprador em um outdoor ambulante exibindo uma marca? Talvez os marqueteiros, nesse caso,  continuem pensando assim sem se tocar que o efeito pode ser o contrário, porque revela um desperdício inconseqüente,  em confronto com a situação precária do nosso planeta no que se refere ao meio ambiente, que pede atitudes mais contidas e corretas para o bem comum da humanidade. Mas quantas pessoas têm essa consciência?
Outro dia fui a uma lanchonete especializada em massas, onde o freguês pode escolher  mais de uma dezena de ingredientes e molhos por um preço único. Na minha frente uma moça fez um pedido tão estranho que registrei como um exemplo do excesso dos tempos modernos. Ela pediu espaguetti com camarões, bacon, salmão,atum,  alcaparras, queijo coalho, queijo parrmezon, presunto  e azeitonas pretas.  O gosto que se danasse. O certo era aproveitar , tirar vantagem.
Almoçava  com a minha amiga Beth Azize, quando o seu celular tocou. Ao atendê-lo, o modelo antigo chamou a atenção de quem estava à mesa. Era um dos primeiros lançamentos  da Nokia. Alguém tentou fazer piada com o fato, exibindo  um aparelho que calcula, fotografa, grava,  encontra endereços, passa e-mails, transmite programa de televisão e ainda entra no facebook.
Bebete não se abalou: “maninho, o teu  tem lanterna? Pois o meu tem, funciona muito bem até hoje e supre minhas necessidades de comunicação”.
Pontinhos pra você Bebete!

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