Leyla Martins Leong
Quando eu tinha uns sete para oito anos, ganhei de presente de aniversário a coleção completa ( 18 volumes), do “Thesouro da Juventude”. Espécie de enciclopédia, o “Thesouro”, entre outras, tinha a intenção de “estimular o amor à humanidade através de bons exemplos. Uma página descreve a terra, o sistema planetário e o cosmos; outra se ocupa dos reinos da Natureza(....) em outra fala dos homens e mulheres célebres, que facilitaram a vida por suas invenções ou a iluminaram por seu pensamento, ou a enobreceram por seus atos” diz o republicano Clóvis
Bevilaqua na introdução à edição brasileira.
Bevilaqua na introdução à edição brasileira.
Por um descuido dos nossos editores ( a coleção original é norte-americana), não ficou registrado o ano da publicação, mas pela página 14 dá para sentir a velocidade com que o mundo se desenvolveu e o quanto a ciência avançou de lá para cá. Uma impressionante gravura intitulada “O incomensurável universo”, informa que para chegar à lua o homem teria que fazer uma viagem de 49 dias. A Apollo 11 levou apenas 3 para chegar lá.
Folheando as páginas amareladas do “Thesouro” da minha infância, o tempo correu para trás e para frente na memória ,ressaltando o conforto do presente e o quanto a ciência sempre esteve a serviço da humanidade para torná-la mais feliz.
Essa constatação me levou aos capítulos em que o livro aborda a vida das pessoas célebres pela nobreza de caráter, pelo posicionamento diante da vida e pela contribuição dada à ciência.
Lembrei-me dos célebres do Thesouro da Juventude ao ler a revista “Amazonas faz Ciência” deste mês, editada pela Fapeam – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. Na última página, o artigo “Um entusiasta amazônida”, descreve em poucas linhas o perfil de um desses benfeitores da humanidade: o médico Heitor Vieira Dourado ( 1938-2010). Nascido no Pará, Dourado passou a maior parte da sua vida no Amazonas dedicando-se à pesquisa para a erradicação da malária, doença tropical que em alguns casos pode ser fatal, e que apresentou 300 mil casos no Brasil ano passado, 99% deles na Amazônia Legal.
Como presidente do Conselho Curador da Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera – FDB, cargo que ocupou por alguns anos, Heitor Dourado destacou-se pelo incentivo a projetos de pesquisa científica no Amazonas.
Eis que agora, a FDB cria o Prêmio de Iniciação Científica Heitor Vieira Dourado com o objetivo de estimular estudantes das Ciências da Saúde a seguir carreira nesse campo, com ênfase na pesquisa sobre doenças tropicais e infectologia, especialidades do patrono do concurso, responsável pela formação de muitos cientistas que foram seus alunos nas Universidades do Amazonas e do Pará, onde lecionou.
O concurso que reverencia este grande amazônida premiará trabalhos de conclusão de curso, PIBIC, dissertação de mestrado, tese de doutorado e monografia sobre doenças tropicais como leishmaniose, malária, oncocercose, tuberculose, filarioses, hepatites e outras. O regulamento pode ser acessado pela internet no site da FDB.