segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CAÍ NO VESTIBULAR


- Puxa dona Leyla, a senhora me ferrou! -  abordou-me a faxineira do meu prédio.
- Como assim?
- Caiu um texto da senhora no vestibular e eu me ferrei! Como é que eu podia adivinhar o que a senhora tinha na cabeça quando escreveu aquilo? Acho que fui reprovada por sua causa.
Esse comentário foi a gota d’água que transbordou o meu copo que já estava até aqui de raiva. Logo de manhã cedo comecei a receber elogios pelo facebook, por telefone e por e-mail pelo meu texto que havia caído no vestibular da UEA – Universidade do Estado do Amazonas deste ano. Como não sabia de nada, tive que perguntar qual  o texto e fiquei sabendo que  foi “Sabores da Terra”,  que escrevi há uns 7 ou 8 anos a pedido do meu grande amigo Caio Borges, para um folder que a sua agência de publicidade, Oficina de Criação, estava produzindo para a Fumtur – Fundação Municipal de Turismo.
O folder foi publicado, Caio me pagou e o texto ficou um tempo no site da Fumtur a pedido do meu colega jornalista Flávio Cohen. Mais tarde foi publicado em uma revista local ( e pago). Há coisa de dois anos ele vive no meu blog.
Indignada pela apropriação indébita de um produto cultural de minha autoria, consultei um advogado que ficou de procurar um especialista nessa área. Depois pedi conselho a um dos nossos melhores poetas que acabou por jogar um balde de água fria sobre o assunto. “Olha, parece que existe uma cláusula na lei do direito autoral que diz que quando o seu texto é usado para fins `culturais’ não merece qualquer pagamento”.
E que outra finalidade haverá em escrever textos literários se não a cultural? -  me pergunto.
Fico muito admirada de ver com quanta naturalidade o meu direito de autora foi ferido. Fico também abalada diante da descortesia da UEA em nem sequer pedir permissão para o uso, não dar satisfação, não pagar e nem agradecer por um texto que é resultado de anos de estudo, leituras, cursos, prática, tempo e investimento em livros e outros bens culturais.
Por um momento passou-me pela cabeça falar com o Reitor da UEA mas, prevendo o chá de cadeira costumeiro nessas circunstâncias, prefiro registrar o ato de desrespeito dessa instituição mantida pelo Governo do Estado, que, em suma, permite que isso aconteça e tentar receber o pagamento pelo meu trabalho e um pedido der desculpa dessa universidade.
Enquanto isso, pessoas me dão os parabéns pela “homenagem”que a UEA me prestou. Por aí deduz-se o quanto o trabalho artístico é desvalorizado.
Essa atitude da UEA, a meu ver, se desencontra do fim primordial de uma universidade que é o de formar cidadãos, ensinando-lhes ética e outros valores morais.
(CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR)

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