Sempre tive
curiosidade para saber qual o motivo dos livros , da minha infância até a
adolescência, virem com algumas páginas
fechadas. Isso fazia deles objetos de uma certa impaciência gerada pela curiosidade para começar a lê-los. Antes,
porém obedecia-se um ritual: precisava-se ter uma espátula para
desvirginar-lhes as páginas. Muitos desses abridores de páginas passaram pelas
minhas mãos: de osso, marfim, madeira, de Toledo, e por último, um de prata, com cabo
esmaltado.
Aberto, e
antes de começar a leitura, o livro tinha que ser encapado. Havia várias formas
de fazê-lo, com dobraduras diferentes. Em geral usava-se papel madeira, pardo, mas às
vezes aproveitava-se restos de papéis de
presente, que eram guardados bem dobrados em uma gaveta. Afinal, vivíamos um
tempo em que nada se jogava fora. A seguir, punha-se o nome do proprietário e a
data. Leitores mais refinados mandavam
fazer carimbos elegantes. Em geral, punha-se a data, ou o oferecimento de quem
o havia presenteado.
Para não
perder-se nas páginas, usava-se marcadores de livros. Lembro-me de uns que a
minha mãe mandou fazer na Colômbia, por um joalheiro italiano. Eram feitos de
prata, com a representação de deuses Chibtas. Em suas viagens pelo mundo, ela
sempre trazia marcadores feitos de papiros, marfim, papéis artesanais.
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Esta edição
de “Um Gato na Chuva”, de Hemingway, esclareceu o mistério literário que me perseguiu por mais
de mais de 50 anos.
Composto e
impresso nas oficinas gráficas de Livros do Brasil S.A. ( rua dos Caetanos,
22),um Gato na Chuva” ( “Cat in the rain”), de Ernest Hemingway, fez parte da Coleção Miniaturas, em cujo
elenco estavam Albert Camus, Truman Capote, Georges Simenon,
François Mauriac, Tennessee Williams e
mais uma dezena de outros autores que não emplacaram.
A coleção
de “grandes obras em pequenos volumes” trazia logo na página de rosto uma interessante
“Advertência ao Leitor”.
Eila:
“No seu
próprio interesse, prezado Leitor, verifique se este livro mantém o lacre
branco que sela algumas das suas páginas; neste caso, abra-o, por favor, como
abriria um livro não guilhotinado, Isto é, com uma faca, até com um simples
cartão, e assim não rasgará as folhas.
Se o livro
estiver aberto, rejeite-o, pois é indício de que já foi lido. Defenda a sua
saúde não manuseando livros usados”.
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