O ano abriu
com pelo menos três realities shows simultâneos, provando que a fórmula
funciona e dá Ibope neste país sem leitura: o desgastado BBB, da Globo, onde pessoas sem qualquer relevo
dizem e fazem bobagens durante 24 horas sem parar por três longos meses; a promessa diferente da
Record, que aposta no apelo da causa ambientalista e uma
novidade bizarra, “Mulheres Ricas”, da
Band que largou na frente, estreando semana passada.
Dele fazem
parte cinco mulheres de meia idade com fortes e indisfarçáveis interferências cirúrgicas, em desacordo com a
idade declarada. Uma joalheira ( Lydia
Lopes); uma arquiteta ( Brunette Fraccaroli);uma empresária e
apresentadora ( Val Marchiori ) ; uma piloto ( a ex-sem-terra Débora Rodrigues)
e a socialite carioca Narcisa Tamborindeguy, cuja missão é compartilhar com o
público o dia a dia das muito “ricas”.
Com exceção
de Narcisa, que pelo menos duas vezes
ao ano comparece a algum programa de
televisão ou a umas poucas linhas na Caras, e Débora Rodrigues, a ex-sem terra
que foi capa da Playboy, as outras três são ilustres desconhecidas.
A estréia mostrou
de cara que a realidade do programa passa tão longe quanto os delírios de uma
tela de Salvador Dalí,.
Exageradíssimas
em suas performances, essas mulheres ficam na superficialidade, confundindo o
papel de ricas com o de peruas
desvairadas que não temem desafiar a população de famintos deste país de
miseráveis, com ostentações grosseiras e
interpretações sem nenhum talento do
papel que lhes foi confiado.
A boba alegre
Narcisa começa desafiando as outras quando
declara ser a única rica do time porque a sua fortuna é de “nascença”.
Lydia, a joalheira abre o jogo dizendo
que os ricos têm que gastar para que o
dinheiro “gire”. A arquiteta Brunette Fraccaroli é um prato cheio para os psicanalistas, quando assume o papel da boneca
Barbie. Em uma cena ela diz que o seu cachorrinho é gente e que ela gostaria de
ser um cachorrinho também. Cuidado, Brunette, os deuses ouvem tudo e você pode
voltar como cachorro de madame na outra
encarnação e ser tratado como gente, para ver como deve ser bom ser castrado e
educado. A sem terra Débora Rodrigues, hoje uma mulher com muito dinheiro,
mostrou-se um pouco deslocada no programa de
estréia, ainda sem saber como entrosar-se no mundo fútil, não das ricas,
que essas trabalham, mas no das peruas.
Val
Marchiori, a mais enjoativa de todas é o tipo mais comum de quem pensa que é
rica. Tem dela em todos os lugares. Manaus está cheia. São mulheres ostensivas
e inconseqüentes, cafonas e mal educadas.
Essas
mulheres têm dinheiro, mas não são ricas. É que rico é outra coisa. Para começo
de conversa, rico jamais entraria nessa
fria de aparecer em um reality show e muito menos para mostrar que tem
dinheiro. Eles não querem a evidência. Em primeiro lugar, o que os ricos mais
temem é o imposto de renda, depois os ladrões, a concorrência, as ex-mulheres e
seus pedidos de pensão. Rico é um ser discretíssimo que pouco aparece. Suas
festas são exclusivas e quase sempre fora do Brasil, que é para não chocar a
opinião pública e, em alguns casos, evitar investigações sobre a procedência de
tanto dinheiro.
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