domingo, 15 de janeiro de 2012

OS RICOS E OS QUE TÊM DINHEIRO UMA FARSA TELEVISIVA





O ano abriu com pelo menos três realities shows simultâneos, provando que a fórmula funciona e dá Ibope neste país sem leitura: o desgastado BBB,  da Globo, onde pessoas sem qualquer relevo dizem e fazem bobagens durante 24 horas sem parar por  três longos meses; a promessa diferente da Record, que aposta no apelo da causa ambientalista  e  uma novidade bizarra,  “Mulheres Ricas”, da Band que largou na frente, estreando semana passada.
Dele fazem parte cinco mulheres de meia idade com  fortes e indisfarçáveis  interferências cirúrgicas, em desacordo com a idade declarada. Uma joalheira ( Lydia  Lopes); uma arquiteta ( Brunette Fraccaroli);uma empresária e apresentadora ( Val Marchiori ) ; uma piloto ( a ex-sem-terra Débora Rodrigues) e a socialite carioca Narcisa Tamborindeguy, cuja missão é compartilhar com o público o dia a dia das muito “ricas”.
Com exceção de Narcisa,   que pelo menos duas vezes ao ano comparece a  algum programa de televisão ou a umas poucas linhas na Caras, e Débora Rodrigues, a ex-sem terra que foi capa da Playboy, as outras três são ilustres desconhecidas.
A estréia mostrou de cara que a realidade do programa passa tão longe quanto os delírios de uma tela de Salvador Dalí,.
Exageradíssimas em suas performances, essas mulheres ficam na superficialidade, confundindo o papel de ricas  com o de peruas desvairadas que não temem desafiar a população de famintos deste país de miseráveis, com ostentações  grosseiras e  interpretações sem nenhum talento do papel que lhes foi confiado.
A boba alegre Narcisa começa desafiando as outras quando  declara ser a única rica do time porque a sua fortuna é de “nascença”. Lydia, a joalheira  abre o jogo dizendo que os ricos têm que gastar para que  o dinheiro “gire”. A arquiteta Brunette Fraccaroli é um prato cheio para os  psicanalistas, quando assume o papel da boneca Barbie. Em uma cena ela diz que o seu cachorrinho é gente e que ela gostaria de ser um cachorrinho também. Cuidado, Brunette, os deuses ouvem tudo e você pode voltar como  cachorro de madame na outra encarnação e ser tratado como gente, para ver como deve ser bom ser castrado e educado. A sem terra Débora Rodrigues, hoje uma mulher com muito dinheiro, mostrou-se um pouco deslocada no programa de  estréia, ainda sem saber como entrosar-se no mundo fútil, não das ricas, que essas trabalham, mas no das peruas.
Val Marchiori, a mais enjoativa de todas é o tipo mais comum de quem pensa que é rica. Tem dela em todos os lugares. Manaus está cheia. São mulheres ostensivas e inconseqüentes, cafonas e mal educadas.
Essas mulheres têm dinheiro, mas não são ricas. É que rico é outra coisa. Para começo de conversa, rico  jamais entraria nessa fria de aparecer em um reality show e muito menos para mostrar que tem dinheiro. Eles não querem a evidência. Em primeiro lugar, o que os ricos mais temem é o imposto de renda, depois os ladrões, a concorrência, as ex-mulheres e seus pedidos de pensão. Rico é um ser discretíssimo que pouco aparece. Suas festas são exclusivas e quase sempre fora do Brasil, que é para não chocar a opinião pública e, em alguns casos,  evitar investigações sobre a procedência de tanto dinheiro.

Leyla Martins Leong

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